sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Chega a ser engraçado a capacidade que temos de achar que a vida dura para sempre. As coisas ruins existem sim, acontecem sim, mas conosco, nunca! Aquele assalto à mão armada ali na esquina da sua casa poderia ter sido com você, mas graças a Deus ou a qualquer força superior você preferiu ir ao banheiro antes de sair de casa. Aquele avião que caiu era o que você deveria ter embarcado, mas perdeu a hora por que a festa da noite anterior foi além do que imaginava. Você nunca vai acabar com o seu namorado, ele jamais vai te trair, isso só acontece com as suas amigas. Ou até mesmo aquela sua vizinha que estava com uma gripe terrível e que tossiu na sua cara não te passou nenhum vírus, por que você toma vitamina C todos os dias... ou quando alguém gripado chega perto de você... ou quando alguém gripado tosse na sua cara. É sempre assim, ao seu redor, tudo é possível, dentro das suas fronteiras só pode acontecer o que é do seu máximo interesse. Será?

Eu digo isso por que perdi uma pessoa que passou a vida inteira fumando, completamente ciente dos danos que aquele maldito cigarro lhe trazia, mas para ela as consequências daquele prazer jamais chegariam. O que mais me impressionava é que ela e mais duas pessoas da minha família também eram viciadas em fumar e foram, uma por uma, caindo nas provações dolorosas e digo até, irreversíveis do cigarro. Mas a desculpa era sempre a mesma: " foi com ele. Comigo isso não acontece". Meu padrinho e minha tia viram-se obrigados a parar de fumar. Foram obrigados a escolher entre a vida e o vício e optaram pela vida, claro. Minha outra tia mais tarde, viu-se na mesma situação, e também optou pela vida. Mas optou pela vida por que sem vida era impossível sustentar um vicío. E mesmo tendo conseguido uma segunda chance de viver, continuou trilhando o mesmo caminho, achando que nada acontece duas vezes com a mesma pessoa e que como ela já havia sentido na pele o que aquelas tragadas eram capazes de fazer, isso não tornaria a acontecer. Grande engano.

Foi preciso perder vida dia àpos dia para que ela percebesse que todos nós estamos passíveis a tudo, desde que não cuidemos direito do nosso maior bem, a vida. Ela foi tornando-se cada vez mais incapaz de 'ser' sozinha, tornou-se depende para quase tudo, tornou-se mais um daqueles personagens ilustrativos de caixa de cigarro. Aqueles que todos olham, se espantam, mas que sempre pensam: " isso nunca vai acontecer comigo". Na verdade, também nunca pensei que isso pudesse acontecer com alguém tão próximo a mim.

A verdade é que ninguém é imponente o bastante para afastar de si os males que enchem esse mundo. Somos todos feitos da mesma matéria, viemos do mesmo lugar e para lá também voltaremos. A nós foi concebido a dom da vida e proporcionado a oportunidade de viver. Cabe somente a cada um de nós mensurar a importancia de existir e cuidar dessa existência como seu maior presente.

Um comentário:

Anônimo disse...

é fodão aceitar que coisas tão pequenas e insignificante como um cigarrinho de alguns poucos cms podem detonar com uma vida, da mesma forma que umas poucas colheres de açúcar podem fazer o mesmo, ou aquelas gramas de queijo cheddar, ou aqueles poucos kms de viagem, ou aqueles poucos minutos de viagem num avião "super seguro"...
puta foda aceitar o quão tênue, débil e frágil a vida é.

irado o texto... prabéns por ele, larissa
beijOo