Karen não conseguia entender. De repente sua vida transformara-se completamente. Sua alma estava mergulhada num sofrimento torturante, que lhe açoitava incansávelmente, dia e noite, como um eterno massacre. Fugia de seu controle a queda de suas lágrimas. Elas caiam, molhavam sua face, mostravam-lhe que aquela dor era permanente, constante, que negava-se a ir embora, que crescia a cada esforço de tirá-la do peito. Os dias passavam e Karen sentia que se tornava menor a cada instante. Imóvel no seu quarto, a vida passava perante seus olhos estáticos, mortos, com momentos fugazes de esperança. Esperança essa que insistia em mostrar-se presente ao mesmo tempo que mostrava-se inalcansável.
A vida prosseguia. A insensibilidade com que o tempo passava, como se nada houvesse acontecido, dava a Karen a certeza de que, a dor que lhe consumia ferozmente, lhe pressionava para levantar. Aquela dor na qual ela se perdera, mostrava-lhe a pequenez de sua força. Essa dor mostrava-lhe que estava presente e que sem luta, não poderia ser vencida. Decidida, Karen levantou-se daquele claustro que permanecera durante todo o tempo. Era preciso andar, algo dentro de si a desafiava para que contornasse aquela situação. Não perderia uma batalha para si mesma.
E não perdeu. Ninguém perde uma batalha para si mesmo, ao menos que esse seja o objetivo. A dor que nos consome muitas vezes existe para nos desafiar. A dor que maltrata nosso peito nos faz perceber que podemos ser maiores e mais fortes do que somos. Ela adentra nossa vida sem pedir licença e nos ensina, da forma mais dolorosa, a nos levantar. Ela nos faz crescer. A dor é uma mestra que não pergunta se queremos aprender, àlias, não nos dá chance alguma de escolher. Ela simplismente põe a nossa frente a lição mais complexa e nos pressiona, nos questiona, nos põe a prova de todos nossos sentimentos e limites. Mas a dor vai embora. Ela desaparesse no tempo depois de ter cumprido sua missão. Depois de ver que não há mais espaço em nossa vida, depois que nos levantamos e mostramos a si mesmo que somos capazes de suportar e enfrentar as tristezas mais profundas, as decepções, as reprovações mais torturantes. A dor vem pra ensinar. Nos tornar fortes. Maduros. A dor existe para nos fazer ver que a vida é de quem quer viver. E viver, aprender, crescer, amaducerer é uma alegria. Karen percebeu que essa é a alegria de sofrer.
Das horas
Há um ano
4 comentários:
O texto começa emo mas fica muito bom depois.
Genial, Lari!
Beijão!
é a fuga das nossas almas, refúgio dos nossos pensamentos oprimidos pelo mundo a nossa volta.
"A vida prosseguia. A insensibilidade com que o tempo passava, como se nada houvesse acontecido"; " Ela adentra nossa vida sem pedir licença e nos ensina, da forma mais dolorosa, a nos levantar"; e "A dor é uma mestra que não pergunta se queremos aprender, àlias, não nos dá chance alguma de escolher. Ela simplismente põe a nossa frente a lição mais complexa e nos pressiona, nos questiona". o texto todo tá muito bom, mas essa 3 frases que eu copiei são sacadas de mestre, parabéns, muito bom mesmo.
abraçOo
ah, e foi malz dar uma de metido e fuçar no teu blog sem ser convidado. mas teu texto tá muito bom mesmo.
"Alegria de sofrer" Amei essa! Agr sei q ñ sou a única q sente uma pontada de prazer no sofrimento! heuheuheuhuheuhe
Frescando, Lari!
Mto bom!!!
Deixe as trsitezas e vença seus medos! xD
Bjos d alguém q te adora!
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