Eu estava voltando para casa no transporte escolar, cansada, observando as pessoas que andavam na rua. O rádio estava ligado, mas minha atenção não se dirigia à ele, até o locutor iniciar um assunto que, imediatamente, atraiu minha atenção completamente. Ele falava sobre a enorme quantidade de pessoas que vão hoje à Parada Gay. A intonação dele foi clara: era mais uma das pessoas que não admitia esse tipo de evento e que se revoltava por perceber o crescente público que a festa adquiria.
Momentos depois ele refere-se a alguns pais, que levavam seus filhos pequenos à Parada Gay como se essa fosse "um programa de lazer como todos os outros". Logo depois crítica o depoimento de uma garota de 9 anos, frequentadora da Parada Gay desde os 5 anos que diz: " Lá você vê homem vestido de mulher e mulher vestida de homem. É normal. É legal." E para fechar com chave de ouro o seu show de preconceito, declara: " Os pais não sabem mais criar os filhos como antigamente. Qual será o futuro desse país? Esses crianças vão crescer achando que essa troca de sexo é normal, que ver homem com homem e mulher com mulher é tão normal que ver um casal aos beijos. E quem sabe, até, eles não queiram experimentar ou pior, adquirir essa pouca vergonha".
Na verdade eu não me surpreendi com tudo o que foi dito por esse locutor. Ele não é o único, muito menos o último a pensar assim. Eu também já achei bizarro esse lance de homossexualidade. E o argumento de todos que ainda pensam assim é o mesmo " Não é normal!". Mas, o que é normal? Quem impôs o que era normal ou não? Qual o padrão para se dizer se algo é anormal? E outra vez a resposta é sempre a mesma: " Porque Deus criou o homem para a mulher. Todo mundo pode ver". Tudo bem. Então, como é que se explica casos de homossexualidade entre animais? Porque, até onde eu sei, os animais também foram criados por Deus.
Existem várias especulações sobre o assunto. Atribuem o homossexualismo a distúrbios neurológicos, problemas no comportamento e por aqueles mais radicais, falta de vergonha na cara. Já li sobre estudos que atribuiram essa atração por pessoas do mesmo sexo a genética e/ou a influência do meio. Mas sabe, acho que a busca árdua e insistente por uma explicação que justifique o comportamento dessas pessoas podia abrir espaço para um pouco de respeito. E se precisar, um esforço maior para compreender. Talvez não seja fácil para alguns, talvez absurdo para outros, mas num ponto todos convergem: o amor, a felicidade e o respeito são direitos de cada um. Que não concorde, mas que ao menos respeite. O preconceito é a forma mais estúpida de dizer "eu não tenho capacidade para respeitar".
O homossexualismo pode ir contra a religião de muitos, contra os principios de vários outros, mas vai de encontro à lei do amor. Gadhi já dizia " O amor é a força mais abstrata e também a mais potente que há no mundo" - " Um covarde é incapaz de demonstrar amor, isso é privilégio dos corajosos".
Das horas
Há um ano